quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A dor de não ser

Às vezes - quase sempre - a minha dor maior é a de não ser. Aquilo que sou eu posso organizar e adaptar, mas aquilo que me falta é impossível de ganhar consistência. O não-ser se torna uma coisa mole e repugnante. Escapa por entre os dedos e mancha o meu abdômen de puro enjôo. E então o não-ser ocupa a minha fome e a minha vontade de mostrar quem sou. Encolhe as minhas pétalas e me faz botão. A dificuldade do outro em aceitar o amor, em enxergar o amor, para mim, é algo inexplicável. Sinto que essa cegueira se veste com a lente do preconceito e desfila por aí como se usasse a grife mais famosa do universo. Sonho com o dia em que a moda será a paz e o amor. E não precisa nem andar pelado e pintar no rosto uma flor. As coisas, quando se bastam por si, não precisam de representação, elas simplesmente são. E eu estou cansada de sofrer por não ser...

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu não sou tanta coisa nesta vida que o que mais busco hoje é o não-ser: Acompanhado de alguém que contente-se com o pouco que sou, a plenitude e nada mais. Longe de tudo e todos...